Trabalhadores(as) da Unicamp conquistam auxílio-saúde e reajuste do VA, mas falta muito para podermos comemorar “vitória”

A jornada de luta deflagrada pelas técnicas e técnicos-administrativos da Unicamp há cerca de um mês conseguiu arrancar da reitoria algumas das nossas reivindicações. A paralisação realizada no dia 31 de outubro, marcada para acompanhar a reunião técnica – na verdade, uma reunião de negociação sem a presença do reitor –, conseguiu melhorar a proposta inicial de 80 milhões, elevando o investimento em benefícios para 138 milhões: além do auxílio-saúde de até R$ 800 por servidor(a) da ativa (cujas regras seguem em discussão), conquistamos uma parcela extra de R$ 1420 no vale-alimentação para dezembro, e o reajuste do VA para R$ 1800 a partir de janeiro de 2025.

Apesar de reconhecermos os avanços conquistados pela mobilização da nossa categoria, é preciso muita cautela para não comemorarmos vitória antes do tempo, uma vez que o que foi oferecido pela reitoria continua muito aquém do que reivindicamos, principalmente sabendo que os cofres da Unicamp estão cada vez mais cheios. Além de não aceitar o pagamento do abono/prêmio de R$ 10 mil, o valor do auxílio-saúde que foi oferecido é bem inferior aos R$ 1500 que propusemos, assim como o vale-alimentação natalino não atingiu os R$ 2 mil que estamos pleiteando. E o pior: a proposta da reitoria exclui, mais uma vez, aposentadas e aposentados, que seguem com suas demandas ignoradas pela administração central, evidenciando a falta de respeito e de valorização àqueles que dedicaram suas vidas à Universidade.

Por isso, na assembleia realizada pelo STU logo após a reunião técnica, trabalhadoras e trabalhadores classificaram a proposta da reitoria como insuficiente, e decidiram pela continuidade de nossa mobilização, com a realização de mais um dia de paralisação na semana que vem, reivindicando:

  • A inclusão dos(as) aposentados(as) no auxílio-saúde e a implantação de auxílio-nutrição para esse segmento, nos mesmos valores pagos aos servidores da ativa;
  • O pagamento do abono/prêmio de R$ 10 mil para todos os servidores ativos e aposentados;
  • Isonomia com a USP na carreira.
Técnicas e técnicos-administrativos da Unicamp aprovam em assembleia a continuidade da mobilização.

Importante lembrar que a proposta da reitoria não contempla a equiparação dos pisos salariais com USP/Unesp, ignorando nossa histórica reivindicação pela isonomia salarial entre as universidades estaduais paulistas: enquanto os(as) trabalhadores(as) da Unesp conquistaram 4 referências entre 2023 e 2024, aproximando-se dos salários pagos pela USP, na Unicamp seguimos sem qualquer avanço nesse sentido, o que vem nos tornando “a prima pobre do Estado de São Paulo”.

Mesmo sabendo que nossa mobilização continuará, assim como as reuniões de negociação, a reitoria se antecipou enviando, ainda no dia 31/10, um e-mail a todos os funcionários para tentar colocar os avanços da nossa luta como benesses concedidas pela gestão. No entanto, não fosse a capacidade de organização demonstrada pelas técnicas e técnicos-administrativos da Unicamp, seguiríamos ignorados pelo reitor e sem melhorias para a categoria.

Nas negociações realizadas até então, a reitoria já deixou bastante evidente que não tem qualquer intenção de conceder o abono/prêmio de 10 mil que reivindicamos, nem propostas para melhoria das condições de vida dos aposentados e aposentadas. Na reunião técnica do dia 31/10, contrariando todos os números que vêm apontando para o aumento dos recursos da Universidade e ignorando a reserva de 1.614 bilhão que Unicamp já tem em caixa, os representantes da reitoria insistiram no discurso de que existe déficit orçamentário, como justificativa para não atender de forma mais abrangente nossas reivindicações. Além disso, argumentaram que os eventuais excedentes nos recursos da Unicamp serão destinados a outros investimentos prioritários para a gestão – ou seja, que nós, funcionárias e funcionários, não somos prioridade para a reitoria.

Embora reconheça os avanços conquistados pela nossa luta até aqui, o coletivo Travessia acredita que ainda não é hora de comemorar a vitória do nosso movimento: precisamos, sim, é fortalecer e ampliar nossa mobilização, para atender às demandas dos aposentados e aposentadas, e conquistar o restante das nossas reivindicações!