Trabalhadores(as) reportam dificuldades para ter acesso a benefício conquistado pela mobilização da categoria
O coletivo sindical e popular Travessia manifesta grande preocupação com a forma como a reitoria da Unicamp vem conduzindo a questão do auxílio-saúde, que foi conquistado por força da mobilização realizada pelos(as) técnicos(as) administrativos(as) ao longo do segundo semestre de 2024.
Ainda que durante as negociações o STU tenha insistido num modelo de benefício que contemplasse todos(as) os(as) servidores(as) igualmente, sem necessidade de comprovação de gastos ou de adesão a planos de saúde privados, o modelo efetivamente implantado é mais um “auxílio-convênio” que um auxílio-saúde: reembolsa apenas despesas comprovadas com planos privados, até o teto de R$900, estabelecendo uma assimetria grave no acesso a esse benefício, uma vez que trabalhadores(as) sem margem para contratação de planos privados, ou que tenham despesas com saúde específicas e sem cobertura nesses planos, têm tido o acesso ao benefício restringido. Além disso, ao longo desses primeiros meses de implantação do auxílio-saúde, os(as) servidores(as) vêm reportando o não cumprimento, por parte da Unicamp, do calendário de pagamentos retroativos àqueles que fizeram adesão a planos de saúde recentemente, e até mesmo erros no cálculo do benefício. Vale ressaltar que, mais uma vez, a reitoria se recusou a estender o benefício do auxílio-saúde aos aposentados(as), que são os(as) que mais sofrem com o custo exorbitante dos planos de saúde privados. Seguimos aguardando a convocação das entidades para avaliar e discutir ajustes nas regras para concessão do auxílio-saúde, que durante as negociações ficou definido para o mês de março de 2025.
O modelo de auxílio-saúde defendido pelo Travessia durante a negociação com a reitoria propunha que os R$900 fossem pagos a todos(as) os(as) trabalhadores(as), independente de qualquer comprovação, assim como acontece com o auxílio-criança, por exemplo. Isso permitiria não só um tratamento isonômico, em que todos recebem o mesmo valor independente do nível ou faixa salarial, mas também que cada trabalhador tivesse liberdade de escolher como investir esses recursos, de acordo com suas necessidades específicas: psicoterapia e outras terapias, consultas na rede pública ou privada, medicação etc. Para nós, o conceito de saúde que embasa o modelo de auxílio estabelecido pela reitoria é não só restrito, como favorece interesses privatistas em detrimento dos interesses e necessidades dos(as) trabalhadores(as) da Universidade.
Sobretudo, o Travessia tem chamado atenção para o fato de a política efetivamente implantada na Unicamp ir na contramão de uma luta histórica da sociedade brasileira, encampada inclusive pelo Fórum das Seis e pelo Sindicato dos Trabalhadores da Unicamp (STU): a defesa inegociável do Sistema Único de Saúde (SUS) e do financiamento adequado da saúde pública em nosso país.