Para mais de 77% dos(as) usuários(as), fretado da Unicamp piorou após mudança do contrato

No início de 2025, a Unicamp contratou uma nova empresa para a gestão do sistema de transporte fretado, de competência da Prefeitura Universitária, mudança que prometia uma série de melhorias para os mais de 3 mil usuários do serviço. No entanto, as mudanças trazidas com o novo contrato com a empresa Rápido Sumaré geraram um enorme número de reclamações na Prefeitura, motivando inclusive denúncia do sindicato ao Ministério Público do Trabalho (MPT).

Por conta deste cenário, o coletivo sindical e popular Travessia, que integra a atual direção do STU, realizou uma pesquisa de satisfação sobre o transporte fretado da Unicamp, que foi divulgada pela internet e redes sociais, e respondida espontaneamente pelos usuários. Realizada por amostragem, a pesquisa teve 411 respondentes no período de 27 de maio a 12 de junho de 2025.

Apesar de melhorias terem sido reportadas, os dados coletados indicam que 77,4 % dos usuários acreditam que o serviço piorou após a mudança do contrato (gráfico 16), enquanto 70,8% deles indicam que o novo modelo do fretado piorou suas vidas (gráfico 13).

Para 87,9% dos respondentes, o itinerário (roteiro percorrido pelo fretado) foi considerado muito inadequado, inadequado ou regular (gráfico 6).

Em relação ao horário de entrada e saída da Universidade, 80,1% dos usuários consideraram muito insatisfatório, insatisfatório ou regular (gráfico 4).

Quanto ao tempo de trajeto, 85,9% das pessoas que participaram da pesquisa declararam ser muito insatisfatório, insatisfatório ou regular (gráfico 5).

Sobre a estabilidade e confiabilidade do aplicativo, 78,69% acham nada confiável, pouco confiável ou regular (gráfico 10).

Em relação à comunicação oficial da Prefeitura Universitária com os usuários do transporte fretado, 86,8% consideram muito ineficiente, ineficiente ou regular.

Também segundo os respondentes, o novo modelo de fretado resultou em impacto à saúde física e mental: 63,5% consideram impactou de forma muito negativa ou negativa (gráfico 14).

Confira abaixo os dados obtidos pela pesquisa[1]:

Análise do Travessia sobre os resultados da pesquisa

A pesquisa de satisfação sobre o transporte fretado da Unicamp revelou uma predominância de insatisfação entre os usuários, com críticas direcionadas principalmente aos itinerários, horários, comunicação e condições dos veículos.

Principais Pontos de Insatisfação:

Itinerários e Tempo de Trajeto: A maioria dos respondentes criticou os trajetos longos e desnecessários, com muitas voltas em bairros onde não há passageiros. Linhas que foram agrupadas resultaram em percursos excessivamente demorados, com usuários relatando até 2 horas dentro do fretado. Sugestões frequentes incluem: dividir as linhas, retomar rotas antigas e otimizar os trajetos para reduzir o tempo de viagem.

Horários: Muitos usuários relataram sair mais cedo de casa e chegar mais tarde, impactando a qualidade de vida e a convivência familiar. O aplicativo de acompanhamento foi criticado por não refletir os horários reais, especialmente na volta, em que os atrasos são frequentes.

Comunicação e Eficiência do Aplicativo: A comunicação da Prefeitura Universitária foi considerada ineficiente, com mudanças de rotas e horários anunciadas em cima da hora ou sem clareza. O aplicativo foi descrito como instável e pouco confiável, dificultando o planejamento dos usuários.

Condições dos Veículos: Embora alguns tenham elogiado a limpeza e o conforto dos veículos novos, outros relataram problemas como ar-condicionado quebrado, mau cheiro e falta de manutenção. A inadequação do tamanho dos veículos ao número de passageiros também foi mencionada, especialmente em linhas superlotadas.

Impacto na Saúde e Vida Pessoal: Muitos usuários destacaram o impacto negativo na saúde física e mental, com relatos de estresse, cansaço e falta de tempo para atividades pessoais. A convivência familiar foi afetada devido aos horários extensivos fora de casa.

Sugestões de melhoria:

Revisão dos itinerários: dividir linhas muito longas em rotas menores e mais eficientes; eliminar paradas desnecessárias e ajustar trajetos para evitar trânsito intenso.

Melhoria na Comunicação: aprimorar o aplicativo para maior confiabilidade e atualização em tempo real; comunicar mudanças com antecedência e de forma clara.

Adequação dos Veículos: garantir manutenção regular, especialmente do ar-condicionado. Utilizar micro-ônibus em linhas com menor demanda, para agilizar o trajeto;

Participação dos Usuários: envolver os usuários no planejamento de rotas e horários, para atender melhor às necessidades reais; criar canais eficientes para receber e responder problemas e demandas dos usuários.

Conclusão

A pesquisa evidenciou necessidade urgente de revisão do sistema de transporte fretado, com foco em reduzir tempos de trajeto, melhorar a comunicação e garantir condições adequadas nos veículos. A maioria dos usuários demonstrou insatisfação com as mudanças recentes, sugerindo que a Universidade deve priorizar ajustes baseados nas demandas coletivas para melhorar a qualidade do serviço. Além disso, ressaltamos que é preciso rever as regras para acessos dos(as) trabalhadores(as) aposentados(as) aos fretados, que foi limitado a 6 viagens mensais no novo contrato.


[1] As questões 2 e 3 sondavam sobre utilização dos fretados na ida ou na volta do trabalho; já a questão 17, aberta/dissertativa, coletou sugestões dos usuários para melhoria do sistema.